RAZÕES DO BLOG

ESTE BLOG FOI CRIADO COM O OBJETIVO DE DIVIDIR A MARAVILHOSA VIAGEM QUE FIZ EM JUNHO DE 2015 EM BUSCA DAS MINHAS RAÍZES, E PORQUE NÃO DIZER "NOSSAS" RAÍZES PORTUGUESAS.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O INÍCIO


Descobri Portugal de um jeito surpreendente!

Uma viagem vivida intensamente por 30 dias que se iniciou no final de maio com um passeio de bicicleta numa tarde ensolarada pelo calçadão de Lisboa e terminou com uma maravilhosa Festa de São João no Porto! Entre essas, que são as mais importantes cidades de Portugal, conheci muitas aldeias e cidades, entrando nas raízes deste país tão importante para a história da humanidade e, em particular, do Brasil.


Aproveitei e tirei 10 dias para peregrinar, fazendo o Caminho português até Santiago de Compostela (e que dedicarei um outro blog específico para tal).

Quando se planeja uma viagem, deve-se ter um objetivo mínimo para se conhecer. Iniciei meu planejamento incluindo as 7 Maravilhas Portuguesas. Elas foram escolhidas pelos portugueses numa iniciativa apoiada pelo Ministério da Cultura de Portugal, baseada em 794 monumentos nacionais. A escolha final das 7 Maravilhas foi disponibilizada pela internet, telefone e sms, dentre outros meios. Veja a lista abaixo e sua respectivas cidades:
  • Castelo de Guimarães (Guimarães/ Minho)
  • Castelo de Óbidos (Óbidos/Região Central)
  • Mosteiro de Alcobaça (Alcobaça/Região Central)
  • Mosteiro de Batalha (Batalha/Região Central)
  • Mosteiro dos Jerônimos (Lisboa)
  • Palácio da Pena (Sintra/ Região de Lisboa)
  • Torre de Belém (Lisboa)
        
Além disso, meu objetivo era conhecer:
  • O cultivo da uva e a produção dos seus diversos tipos de vinhos
  • O cultivo da azeitona e a produção de azeite
  • O cultivo da cortiça e seus mais variados produtos
  • A produção das tradicionais louças portuguesas
  • Descobrir outras cidades, culturas e histórias     

 Portugal é GIRO! É FIXE!

1° dia – Lisboa 

Começar por Lisboa era mesmo meu plano, mas... de bicicleta? Depois de almoçar com os queridos primos Júlio e Maria Evelina, tendo como entrada uma deliciosa sopa de caldo verde...pausa...sopa no almoço? Sim, muitos portugueses tem este costume...fui com minha mochila para Lisboa.


Era uma tarde ensolarada e a avenida que liga a estação dos Comboios até a Torre de Belém estava interditada. O Trânsito estava ruim por conta disso e quando olho para o lado, vejo umas bicicletas para alugar. Não tive dúvidas; aluguei uma delas por 4 horas (12 Euros).



Foi entusiasmante conhecer o Terreiro do Paço, o Monumento aos Descobrimentos e a Torre de Belém num passeio de bicicleta às margens do Rio Tejo.


Monumento aos Descobrimentos

Torre de Belém



O Monumento aos Descobrimentos foi erguido em 1940 para homenagear os grandes navegadores portugueses. Já a Torre de Belém, 4 séculos mais antiga, teve sua construção finalizada em 1520 e foi estrategicamente construída, também na margem direita do rio, como um ponto de defesa. Por alguns anos foi usada como presídio e também como farol.

 Esta é a visão do alto da torre de Belém mostrando todo o trajeto que fiz de bicicleta, passando por debaixo da ponte suspensa 25 de Abril (Ponte Sobre o Tejo) que liga Lisboa a Almada. Entre as duas, o Monumento aos Descobrimentos.


Vista do alto da Torre de Belém
Para quem quiser acompanhar o meu passeio de bicicleta, fiz aqui um filme bem curto deste trajeto!

(filmagem em edição...aguarde.)

2° dia – Gavião, Torre, Mizarela



No dia seguinte, o Júlio me convidou para irmos logo ver as origens da minha família, no extremo leste do país, região da Guarda, onde ele possui casa de veraneio e precisava colher cerejas! Isto já mudaria meu planejamento de viagem  no primeiro dia, mas não poderia recusar o convite vindo de pessoas que tão bem me receberam (os portugueses sabem como ninguém receber seus parentes)! Ao longo da estrada, por alguns kilometros, dezenas de cegonhas tomavam conta dos ninhos no alto das torres de transmissão ou em grandes árvores. Nesta época elas retornam em bandos aos ninhos feitos em anos anteriores para colocar de 3 a 4 ovos.




Paramos em Gavião para almoçar. O almoço por 9 euros cada, incluía uma jarra de vinho branco, pães, primeiro prato (sopa), segundo prato e sobremesa (leite creme)...em Portugal come-se bem e com um preço acessível! Ao longo de toda a viagem, os preços que paguei nas refeições variaram entre 5 e 12 Euros.

Almoço com os queridos primos


tradicional "leite-creme" português

No meio da tarde chegamos em Mizarela, uma aldeia com pouco mais de 100 habitantes, mas que chegou a ter 5 vezes mais na década de 60. Situada no vale do Mondego (importante rio que nasce não muito distante dali), a abundância de água e seu clima frio tornam a região muito fértil. Por estar ao pé da Serra da Estrela, em invernos rigorosos pode-se observar por alguns meses a neve que cobre as partes mais altas.

Mizarela era o símbolo daquilo que procurava como aldeia! Casas de pedras com estábulo na sua parte inferior (ainda abrigando cabras e outros animais), ruas ainda da época do Império Romano, um forno comunitário para fazerem seus pães e os tradicionais enchidos portugueses (chouriço, morcela, presuntos, etc.).


Ruas de Mizarela

Casas em Mizarela


Junho é época das cerejas e quase toda casa tem uma cerejeira no quintal...o querido Júlio veio com uma cesta cheia...comi um monte, claro!







3° dia – Torre, Guarda, Coimbra

Dormimos na Torre (freguesia de Casal de Cinzas). Quando acordei, saí pelas duas ruas desta pequena aldeia com pouco mais de 10 casas e uma igreja, lógico! (as igrejas estão presentes mesmo nas minúsculas aldeias). Foi emocionante ver onde minha mãe nasceu! Apesar da casa ter sido reformada, a parte de baixo continua com a estrutura original, em pedras.  

Casa onde minha mãe nasceu

Capela da aldeia


Já a casa onde meus bisavós moravam e reuniam toda a família, encontra-se abandonada, assim como parte das outras casas. É chocante ver quase que vazia esta aldeia que tanto representou para nossa família...sensação do tempo ter literalmente parado! 


Casa que foi dos meus bisavós e depois da Tia Aguedinha

Os jovens deixam as pequenas aldeias em busca de novos horizontes com mais oportunidades e em alguns casos, os pais morrem e as casas ficam abandonas por falta de interesse dos filhos ou mesmo por falta de novos compradores. Esse desinteresse do jovem pelo campo...que nada mais é do que a verdadeira raiz de Portugal, preocupa a todos... e o governo vem tentando atrair os jovens de volta. A taxa de natalidade que já vinha caindo, acelerou-se com a crise econômica dos últimos anos (crise iniciada em 2010, mas que mostra sinais de melhora em 2015!)

A Guarda é a capital do Distrito, cidade com aprox.. 30.000 habitantes, conhecida por seus 5 Fs (Forte, Farta, Fria, Fiel e Formosa). Por ser a cidade mais alta de Portugal e junto à Serra da Estrela, nem preciso dizer que lá faz frio pra valer...ainda bem que fui no final da primavera/início do verão! Pra quem gosta de frio, vale a pena incluir esta cidade no seu roteiro, visitar algumas adegas próximas e apreciar o mundialmente famoso queijo da Serra da Estrela, acompanhado de um bom vinho da região!

Na Guarda eu conheci a casa onde minha mãe tb morou , pois meu avô tinha uma pensão na cidade... e morar lá facilitava o deslocamento dela e do meu tio para a escola!

Antiga pensão do meu avô na Guarda

Bem pertinho da pensão está a Sé (linda catedral e principal ponto turístico da cidade).  

Catedral da Sé na Guarda



Sé da Guarda

Também andei pela praça onde minha mãe brincava (em frente ao antigo quartel) e no final da tarde, acabei pegando uma carona (boleia) na rua, pois de autocarro (ônibus) não daria mais tempo de chegar até a estação. Foi entrar no vagão e as portas se fecharam...ufa! Próximo destino: Coimbra!


Praça central da cidade



4° dia – Coimbra, Lisboa

Fiquei num hotel simples perto da estação e acordei cedinho para o café da manhã (pequeno almoço para eles). Na noite anterior a senhora da recepção me perguntou se eu queria o “pequeno almoço” ...o que logo associei a um almoço simples, não muito farto, diria. Como pensava em comer na rua, disse que não queria. No dia seguinte eu tomei o café da manhã achando que estava incluso e o recepcionista veio me cobrar o café separado...só então associei que o “pequeno almoço” deles é, na verdade, nosso “café da manhã”.

Peguei minha mochila e sai pelas ruas estreitas desta que é a terceira cidade mais importante do país, localizada entre Lisboa e Porto.

Conhecida por sua Universidade, declarada pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade, Coimbra mantém sua parte histórica muito bem conservada, mesclando com a juventude de bares e restaurantes voltados para os  estudantes (aproximadamente 40.000 no total). 

Porta Férrea (porta de entrada da Universidade) 


Iniciei a caminhada passando pela ponte de Santa Clara sob o Rio Mondego (o mesmo que passa ao pé da Mizarela), só que agora, com grande volume d’água.  Passei pelo Arco de Almedina, chegando a Sé Velha e depois na Universidade. Dentre todas as atrações de Coimbra, e que não são poucas, a Biblioteca Joanina é sem dúvida a principal. Como é proibido fotografar, não tenho imagens, mas é fascinante ver a estrutura de 72 estantes de madeiras retiradas do Brasil repletas de livros escritos há séculos, guardados sob uma temperatura média de 18 graus. A conservação dos livros passa por uma relação simbiótica na qual morcegos são soltos a noite dentro da Biblioteca para que se alimentem das traças, preservando assim os livros! Não deixe de reparar nas pinturas dos tetos das 3 salas que formam a Biblioteca!   

A esquerda a Biblioteca, ao fundo a Univ. de Direito


Na saída da Biblioteca, à direita, ainda no Paço das Escolas, parei para fazer fotos da parte baixa da cidade com o rio ao fundo.

Vista do Paço em direção a cidade baixa


De lá, fui para outras atrações (todas para se fazer a pé), apesar das várias escadarias, com direito a uma parada para comer o Pastel de Tentugal (típico doce da região) feito de forma única, através de várias massas folhadas e extremamente finas.

Se possível, fique dois dias em Coimbra! Voltei para Lisboa de comboio no final do dia. No dia seguinte alugaria um carro pelos próximos 9 dias!



5° dia – Albufeira

Acabei levantando tarde. Fiz o meu “pequeno almoço” e fui até o centro de Almada para alugar um carro. Queria o mais barato que tivesse, sem ar condicionado e sem GPS (o que me fez falta depois...mais tarde eu conto), de preferência movido a Gasóleo (tipo de combustível mais barato e que rende mais do que a Gasolina 95 que eles tem lá como opção). O problema é que não havia mais carro com esse combustível, apenas um a gasolina que chegaria após o almoço. Os carros a gasolina são normalmente alugados por um preço menor de diária do que os que levam gasóleo; ou seja, se vc for rodar muito em Portugal, como era o meu caso, compensaria o carro a gasóleo, mas como não poderia esperar para o dia seguinte, levei na opção gasolina 95.

Peguei o carro e fui direto para o Algarve (auto estrada A2). Parei para comer num restaurante já com o sol se pondo e qdo cheguei na praia de Nossa Senhora da Rocha (Armação de Pêra)...foi algo mágico! As praias ficavam entre duas falésias, lá embaixo...e na parte superior de terra que avançava para o mar, no seu ponto mais alto...uma pequena capela.  A lua estava cheia e deixava um enorme facho de luz no mar, que terminava por iluminar a capela...uma imagem que não esquecerei jamais! Foi um momento mágico e místico ao mesmo tempo!



O anoitecer em Nossa Senhora da Rocha

6° dia – Albufeira, Lagos, Sagres


Antes das 9h da manhã, já estava exatamente no lugar de onde tirei aquela foto mágica na noite anterior...para ter o mesmo registro durante o dia!   

Vista da Capela de Nossa Senhora da Rocha

Agora sabia que a capela de Nossa Senhora da Rocha estava situada dentro de um antigo forte e foi mandada construir por D. Diniz, em virtude de uma aparição da Virgem.


Vista da Capela pelos fundos

Do alto de uma das várias falésia que avançam para o mar, fiz uma pequena filmagem que mostra a capela no alto e toda a beleza da praia de Nossa Senhora da Rocha.



 
Praia Senhora da Rocha vista do alto




Praia Senhora da Rocha
De lá saí em direção a Sagres, passando por Lagos e depois pela famosa praia de Dona Ana, escolhida neste ano de 2015 pelo TripAdvisor como a mais bonita praia de Portugal. As falésias que “abraçam” esta praia, fazem de suas águas uma verdadeira piscina e o visual das rochas que despontam no mar, criam um cenário exótico, meio selvagem. Foi uma pena que estava interditada por 10 dias para obras de contenção das encostas, mas voltarei aqui para nadar nestas águas cristalinas!


Praia de Dona Ana - interditada para trabalho nas encostas



Chegando em Sagres, fui conhecer a Fortaleza...que fica no final da estrada... imponente e estrategicamente localizada na ponta de uma falésia, com três lados voltados para o mar. Subi na muralha para tirar fotos. Que visual!





Vista das falésias do litoral de Sagres

Vista das muralhas da Fortaleza de Sagres



Por alí passavam obrigatoriamente as embarcações que saíam do Mar Mediterrâneo com destino ao Oceano Atlântico e vice-versa. Conheci as praias da Mareta (maior praia de lá) e a praia do Tonel (praia pequena e que costuma ter boas ondas), onde alguns surfistas pegavam ondas trajando roupas de neoprene...as águas aqui são geladas!  




Praia da Mareta


Praia do Tonel


Em 15 minutos de carro cheguei ao Cabo de São Vicente (pedaço de terra mais ao Sudoeste do continente Europeu). Esta antiga e pequena fortaleza, que chegou a ser uma albergaria e um convento, dentre outras atividades, teve seu farol inaugurado em 1846 (originariamente iluminado a azeite)! Com o passar das guerras e do grande maremoto que se seguiu ao terremoto de 1755, foi transformado em ruínas, assim como toda a fortaleza, sendo restaurada ao longo dos anos até os dias de hoje! 

Farol do Cabo de São Vicente



Voltei para Sagres no cair da noite! Esta vila portuguesa fica num platô no alto das falésias, onde os ventos entram constantes e sem resistência...o que trouxe a sensação de frio pela primeira vez. A vila é ampla e com uma razoável estrutura de pousadas e um bom hotel junto à marina. Jantei um peixe num dos bons restaurantes da rua principal, onde aluguei um quarto em uma das várias pensões existentes.

7° dia – Beja, Moura, Mourão, Monsaraz, Reguengos de Monsaraz

No dia seguinte comi uma tosta com manteiga e uma meia de leite (é como chamam o nosso pingado com pão na chapa) Eu não vi por lá o nosso pão francês que usamos por aqui! A tosta é feita com pão de forma num tamanho um pouco maior do habitual e com fatias mais grossas. Peguei o carro e fui direto para o Alentejo...foram 3 horas de estrada e fiz questão de escutar as rádios locais. Fiquei surpreso ao ouvir Elis Regina, Roberto Carlos e Maria Bethânia (eles adoram a música brasileira), mas também ouvi muita música boa popular portuguesa! Pude ver algumas plantações de girassol pelo caminho...sempre espetacular de se ver!


Plantação de girassol no Alentejo

Parei em Beja para almoçar. Um calor de quase 40graus! A região do Alentejo é muito quente no verão e Beja é a segunda cidade mais quente de Portugal, perdendo para Évora. Foi a primeira vez que comi num Mc Donald's...jurei que não faria isso, ainda mais numa terra onde se come bem e barato, mas como estava com pressa, achei melhor. Saindo de Beja em direção a Moura, parei na Cortes de Cima, uma adega na região do Alentejo onde fiz um documentário de todo o processo de produção e armazenamento do vinho.

(filmagem em edição...aguarde.)

Já se passavam das 17h quando cheguei a Moura, cidade com cerca de  8.000 habitantes e que tem como atração principal o seu Castelo. Deixei o carro na praça central, peguei um sorvete (gelado como se fala por lá) e quando fui entrar no Castelo...já havia encerrado o horário para visitas. Acho errado fecharem tão cedo, uma vez que anoitece nesta época por volta das 21h! 




Torre do Castelo de Moura



Colado ao Castelo fica um parque, bem cuidado por sinal, onde pude observar, alguns velinhos sentados conversando tranquilamente nos bancos estrategicamente colocados embaixo das árvores e, ao fundo,  crianças se divertindo numa grande piscina (que imaginava pertencer a algum clube). Ah se eu pudesse entrar nesta piscina!...foi certamente o dia mais quente que peguei em toda a viagem! Peguei o carro em direção a Monsaraz, mas fiz "meia volta" e arrisquei perguntar no tal clube se seria possível eu dar um mergulho. Para minha surpresa a piscina era pública...bastava pagar 1,50 euros...nem exame médico precisava! Maravilha! Poucas vezes um banho de piscina foi tão revigorante!


Parque ao lado do Castelo



Piscina pública da cidade de Moura

Agora sim pude seguir viagem com destino a Monsaraz. No caminho passei por uma rotatória (rotunda como dizem lá) na entrada de Mourão, com uma miniatura do castelo desta cidade e duas oliveiras centenárias ao lado.

Rotunda na entrada da Vila de Mourão


Na estrada, quase deserta entre Mourão e Monsaraz, parei no meio da ponte sob o Rio Guadiana. A poucos quilômetros dali fica a Barragem de Alqueva, concluída em 2002 e que possibilitou a criação deste que é o maior reservatório artificial de água da Europa, trazendo um novo desenvolvimento para a região do Alentejo que sofria com a pouca água.



Na estrada entre Moura e Monsaráz


Eu queria chegar logo a Monsaraz a tempo de ver esta pequena freguesia portuguesa ainda sob a luz do dia. Eu sabia que Monsaraz devia ser interessante, pois foi uma das finalistas na escolha das 7 Maravilhas Portuguesas, mas confesso que me surpreendeu positivamente!


(Filmagem aguardando edição)

A vista que se tem de dentro da muralha do Castelo, ainda mais numa tarde ensolarada tendo ao fundo a tal Barragem de Alqueva...é de cair o queixo!




 Esta freguesia tem pouco mais de 700 habitantes e não tem como crescer, pois todo o espaço no interior da muralha foi tomado. As casinhas brancas com detalhes em pedras, pequenos restaurantes e cafés acolhedores, conferem a cidade um charme próprio e fazem de Monsaraz uma boa pedida para um jantar a dois! 

Rua de Monsaraz

A cidade mais próxima (Reguengos de Monsaraz, não confundir com Monsaraz) fica a 15 km de distância...achei melhor dormir lá para ganhar alguns minutos de estrada para Évora.
                                                                                                  (para continuar a ver os outros dias, volte ao início e na pasta Datas de Publicação clique nos dias...a partir do 8°dia)

8° dia – São Pedro do Corval, Évora, Arraiolos e Estremoz

Já em Reguengos, tomando o meu café da manhã numa padaria, passava na tv um telejornal falando justamente do calor acima da média para a época. Eu abri o mapa inteiro na mesa traçar um novo roteiro, pois conversando com o dono da padaria, resolvi incluir a vila de São Pedro do Corval no início do meu roteiro naquele dia.  Com aproximadamente 1.000 habitantes, esta pequena vila tem como ponto forte as várias olarias que usam o barro originário da Espanha para fazer as louças. Fiz um documentário muito legal contando todo as etapas do fabrico, desde a prensa do barro in natura até as peças prontas para venda.


(Filmagem aguardando edição)

Loucas Portuguesas da região Alentejana


Existem duas louças típicas portuguesas: estas, que mantém a cor do barro de fundo e apenas recebe pinturas a mão e uma camada de vidro... e as famosas louças da região de Coimbra e Alcobaça, na qual o fundo é branco ou um branco levemente azulado (também tenho filmagem destas mais pra frente!).

Na sequência fui para a milenar Évora, cidade com quase 50.000 habitantes, declarada Patrimônio Mundial pela Unesco devido as dezenas de monumentos históricos! Sem querer, deixei o carro bem próximo a uma das principais atrações...as Ruínas do Templo Romano, construída em parte com mármore de Estremoz (cidade próxima).


Ruínas do Templo Romano

Tentei andar pelo centro antigo tirando algumas fotos, mas muitas vezes os veículos tapavam as fachadas. Foi decepcionante ver vans circulando no centro histórico. Acredito que deveriam proibir a entrada de veículos no horário comercial, priorizando o turista!

O forte calor e a poluição dos carros parados na Praça do Giraldo me desanimaram a conhecer os principais monumentos a pé. Decidi então procurar um tuk tuk...(aqueles triciclos tão famosos na Tailândia e que se espalharam por várias cidades turísticas no mundo), mas os tuk tuks estavam ocupados. Foi quando vi uma charrete parada e decidi dividir os custos do passeio com um casal (ela brasileira e ele americano). O Davi (dono da charrete) me explicou que o passeio (30 minutos) não causava nenhum sofrimento aos animais e ele era credenciado neste serviço. 


(Filmagem aguardando edição)


Saindo de Évora fui para Arraiolos, uma pequena vila conhecida pelos famosos tapetes artesanais. Tudo lá parece girar em torno dos tapetes. Fui ao Museu do Tapete, que achei bastante organizado, mas pequeno.

Museu do tapete em Arraiolos

No dia seguinte Arraiolos realizaria uma festa típica “O Tapete está na Rua” na qual os tapetes são expostos nas janelas das casas! Pena que pudea esperar; então, procurei por alguma artesã que estivesse trabalhando no intuito de fazer uma filmagem. Por sorte encontrei a senhora Lia (muito simpática) e sua funcionária artesã (Joana) preparando um tapete para a festa.


Artesã fazendo tapete em Arraiolos



(Filmagem aguardando edição)


Outra atração da cidade é o Castelo circular, datado de 1310, é um dos raros castelos no mundo com este formato, mas achei um pouco abandonado e com nenhuma sinalização ou placas informativas para o turista.  


Castelo de Arraiolos


Antes das 18h eu já estava em Estremoz, conhecida por suas jazidas de Mármore Branco. De cara percebe-se que a cidade cuida bem da sua história. As muralhas e o Castelo são muito bem preservados, uma empresa do setor hoteleiro de Portugal comprou os direitos para usar parte do Castelo como sendo do hotel. A cidade respira história! Vários acontecimentos marcantes aconteceram ali... muitas batalhas, muitas lendas...algumas envolvendo a Rainha Isabel (beatificada e canonizada), muita querida entre o povo português...conhecida como Rainha Santa (sendo o Milagre das Rosas o mais famoso deles, no qual ela transformava pães em flores). Consta ainda que a Rainha impediu várias guerras. Piedosa e humilde, franciscana de devoção e romeira  (teria feito o Caminho peregrino até Santiago de Compostela por duas vezes). Morreu em Estremoz em 1336, mas seu túmulo se encontra na Igreja do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra, que infelizmente não visitei.
Torre do Castelo - Estremoz



Imagem da Rainha "Santa" Isabel




9° dia – Estremoz, Azaruja, Setúbal

Hoje vai ser o dia dos documentários!

Eu havia esquecido de carregar o celular na noite anterior e não tinha carregador no carro... o que me atrasou 1 hora, pois precisava estar com a bateria cheia! Meu primeiro programa foi conhecer um lagar de azeite em Estremoz. Na Coopertiva da cidade fui muito bem recebido pelo Sr. Damásio que, pacientemente, explicou-me todo o processo de produção do azeite, desde a colheita das azeitonas até o envaze do seu óleo. Tenho certeza que este vídeo fará de vc um bom conhecedor de azeites!



(documentário sobre o azeite em edição)



Saindo de Extremoz, fui para Azaruja fazer um documentário de todo o processo de extração até a confecção de produtos da cortiça.
 
Portugal é a maior produtora de cortiça do mundo, você sabia? Fiz questão de conhecer esta obra prima da natureza, pois trata-se de um produto natural, ecologicamente correto (extraído de uma árvore chamada Sobreiro). Esse processo de extração acontece a cada 9 anos e a sua retirada é feita de forma simples apenas em uma época do ano, com muito calor e pouca chuva.

(documentário sobre a cortiça em edição)

 


De Azaruja fui direto para Setúbal pela autoestrada. Acelerei para chegar na marina antes das 15h (último horário de saída dos barcos) com o objetivo de ver golfinhos! Esse “Passeio na Baía do Sado” é pouco divulgado e conhecido pelos brasileiros, mas vale muito a pena!
Os barcos saem da marina em direção a costa de Tróia e da Arrábida. Leva de 20 a 30 minutos para se chegar no interior do estuário... e aí, começa o show deles! São 28 golfinhos da espécie Roaz, devidamente identificados através de fotos das barbatanas dorsais (as barbatanas diferem uma das outras pelo seu tamanho, forma e cortes). Nos últimos 5 anos a população destes gosfinhos  subiu de 22 para os atuais 28 (nasceu um este ano). A reprodução deles é lenta e a mãe só dá à luz a um filhote por vez; sua gestação é de 12 meses e como nos primeiros anos de vida do filhote ela o acompanha de perto, só volta a estar “disposta” a um novo filhote 3 a 4 anos depois.
Importante dizer que nenhuma embarcação dá certeza de se ver os golfinhos, lógico, mas é bem provável, pois eles sabem os hábitos como: horários e locais que costumam frequentar.
Dei muita sorte... o dia estava maravilhoso (pra variar), a família de ingleses com 3 meninas lindas que estavam me acompanhando eram muito simpáticos.  Vi muitos golfinhos e resumi aqui neste vídeo um pouco de toda a filmagem, que contou com a ajuda do Sr. João (dono da embarcação)...show!


passeio dos golfinhos - Baía do Sado

Filmagem dos golfinhos



Chegamos de volta a Marina por volta das 18h. Sentei por uns 10 min na beira da Baía para respirar aquela brisa de Setúbal e fui comer no primeiro restaurante. Foi a refeição mais barata que encontrei em toda a viagem, 5 Euros por um prato de macarrão com frango e um suco...que fome eu tava!